22.9.06

1895 (23 de Julho)
Nasce, em Alhadas, Mário Augusto dos Santos.



1911
— Mário Augusto parte para Lisboa, onde se matricula na Escola Industrial Machado de Castro, ao mesmo tempo que trabalha na oficina de marceneiro de um tio. No ano lectivo de 1911-1912 ingressa na Escola de Belas Artes de Lisboa.



1914 (Março e Abril)
— Encontra-se em Madrid, onde frequenta museus.



1920
— Na “Décima Sétima Exposição da Sociedade Nacional de Belas Artes” (adiante designada SNBA), inaugurada em 1 de Maio, Mário Augusto expõe os seus primeiros quadros a óleo: Retrato de mademoiselle M. A. F. P. e Retrato do Exmº. Sr. A. L. S. Trata-se de dois retratos de familiares, um de sua prima (e futura mulher) e outro de seu tio, Augusto Lopes dos Santos, com o qual obteve uma “Menção Honrosa” e que é considerado o primeiro retrato a óleo que produziu. Nesta altura assinava Mario Santos.

1921 (Maio)
— Teve lugar (no Salão Bobone) a “Exposição Fernando David – Varela Aldemira – Mario Santos. Pintura e Desenho”. Aqui apresentou catorze trabalhos, que se distribuem pelo retrato e a figura, pela paisagem e a natureza-morta. Dos que se destinam a venda, oito são cotados entre 40.000$ e 80.000$, mas a um Lobo de mar são atribuídos 250.000$, o que atesta a importância que outro tipo de retrato não convencional e de costumes vai assumir na obra do Artista.
Por um lado, situa-se o retrato formal mas psicológico (Engenheiro Hermano Alves Braga e Ricardo Leone) e o retrato de tipos populares (Lobo de mar e O marítimo), enquanto portadores de valores plásticos e passíveis de uma composição dialéctica. Por outro lado, a paisagem que acompanha e sublinha o percurso físico do Artista – na presente mostra: Lisboa (ManhãEstrela e No caes d’areia), Figueira da Foz (A Praia, decerto), Maiorca (duas Pochade – feira de Maiorca, zona do Porto (Fontainhas e Rio Leça), Coimbra (Sé Velha) e talvez Alhadas (A casa do parreiral). Por último, surge a natureza-morta (O melão).

1922 (Novembro)
— Na “Exposição de Pintura, Desenho, Pastel e Agua-forte. Mario Reis – Varela Aldemira – Mario Santos”, de novo no Salão Bobone, traz a público doze óleos e seis pastéis. As paisagens documentam o mágico retorno a Alhadas, com um Recanto da minha terra e A casa do sr. Prior, e aspectos de Um pateo e de Uma rua do Ramalhal, além de outros trechos rurais, enquanto depois se detém na contemplação do elemento líquido, quer sejam os Barcos na doca ou Marinha, quer seja Depois da chuva. Os tipos de O Serrador, da Saloia e do Camponio são dados a pastel, assim o Retrato de Melle. M. C. S., o primeiro que executa nessa técnica. Mas, neste certame, aparece um Auto-retrato, portanto do Pintor ainda jovem.

1923
— Mário Augusto expõe, no Salão Bobone, o Retrato de Conceição Silva, datado deste mesmo ano.

1924
— Na “I Exposição de Pintura, Desenho a Aguarela, organizada pela SNBA, sob a égide da Delegação da Sociedade de Geografia, em Lourenço Marques”, oficialmente integrada nas festas da “Semana da Metrópole”; e na “I Exposição de Retratos”, também de iniciativa da agremiação dos artistas, Mário Augusto expõe o Retrato de Julio Teixeira Bastos e o Retrato de Eugénio Correia, sendo-lhe atribuída “Medalha de 3.ª classe”. Concorreu ainda à “Vigésima Primeira Exposição” da SNBA.

1925
— Na “Vigésima Segunda Exposição” da SNBA exibe oito óleos, cobrindo o retrato, o auto-retrato, a paisagem, a figura, a natureza-morta e a pintura de género, isto é, cinco quadros de temáticas diferentes e três retratos [incluindo Retrato de D.M.F. Santos, Retrato de Carlos Moura, Retrato de D.M.J. Conceição Silva e Auto-retrato], de entre os quais, aliás, o Júri destaca uma “Medalha de 2.ª classe”. Deste modo, adquire também a faculdade de poder integrar, por direito próprio, o elenco de futuros júris (o que vem a suceder em 1932 e 1933, 1936, 1939 e 1940).
Os percursos do Artista continuam a deixar o seu sinal na geografia da pintura: Paisagem da minha terra; um Fumador de Kif, memória de viagem feita a Marrocos; e o Mercado da Ribeira – tábua que integra as colecções do Museu de Grão Vasco, de Viseu.
Em Março, na “Quinta Exposição de Arte”, no Porto, Mário Augusto apresenta 25 óleos e um desenho intitulado Camilo. De entre a pintura, alguma já mostrada em oportunidades anteriores, a maior parte agora exposta demonstra a actividade do Pintor e o seu trabalho aturado de ar livre, captando o motivo que o impressiona. Os sítios geográficos agrupam-se em áreas localizadas: Caparica – Lisboa – o Tejo; Quiaios e Maiorca; Porto; Ramalhal e ainda Tânger.

1926
— Na “XXIII Exposição d’Arte” da SNBA, Mário Augusto aparece com a constante de aspectos de Alhadas e com um preçário mais elevado. A natureza-morta Abóboras surge com um valor de 3.500$00. É uma obra celebrada, mas o Retrato de Mme. S. N. também impressionou.

1927
— [Janeiro] Obteve o Diploma e Medalha de Mérito, pela sua participação na Exposição d’Arte no Museu João de Deus.
— [Agosto] Recebe a Medalha de Ouro e Diploma da V Exposição das Caldas da Rainha. Apresentou, aqui, o Retrato do Arquitecto Paulino Montez, sujeito a um júri de classificação que era presidido por José Malhoa (1855-1933)
— Apresenta-se na “XXIV Exposição” com retrato e figura, natureza-morta e paisagem, com aspectos do Jamor de colorido bem manchado e do bulício – A feira – ou do estatismo – O velho solar – de Maiorca.

1928 (Agosto)
— Na “Vigésima Quinta Exposição d’Arte” da SNBA apresentou Maiorca, tábua datada do ano anterior e também conhecido por Espelho de Água. Esta obra será adquirida no próprio certame, pelo eminente político e coleccionador Dr. José Relvas (1858-1929), ficando a pertencer ao espólio museológico da Casa dos Patudos, em Alpiarça, terra onde faleceu José Relvas, que nasceu na Golegã. O quadro custou-lhe 1.500$00 réis.
— No “Salão de Belas Artes” da “V Exposição das Caldas da Rainha”, o Retrato do Arquitecto Paulino Montez (apresentado na “XXIV Exposição” do ano anterior) merece “Medalha de Ouro” a um júri presidido por José Malhoa (1855-1933). Embora figure no catálogo do evento, o registo museográfico da Rapariga da Bilha informa que foi pela primeira vez exibida na exposição em referência. Datada deste ano, uma segunda denominação lhe deu o autor: Tipo das Caldas da Rainha. O director do Museu Nacional de Bruxelas, quando passou por Lisboa, terá dito que “é um grande quadro em qualquer museu do mundo”.



1930 (29 de Junho)
— Mário Augusto contrai casamento com sua prima, D. Maria Augusta Franco Santos.

1931
— É-lhe atribuída a “1.ª medalha” da “28.ª Exposição” da SNBA. Conquista-a por mérito próprio, mas um pouco graças ao Retrato do Pintor Conceição Silva”. Paralelamente, Mário Augusto podia orgulhar-se de o quadro Raparigas da minha terra ser adquirido neste mesmo ano pelo Estado para o Museu de Arte Contemporânea, hoje Museu do Chiado.

1932
— Na “29.ª Exposição” da SNBA apresentou seis obras: As cebolas, À Tarde, O casal da Várzea, O estábulo, As piteiras e Apontamento (Maiorca).
— Com uma bolsa de estudo concedida pela Junta Nacional de Educação, por iniciativa do Dr. José de Figueiredo (1872-1937), Mário Augusto visita Inglaterra, Bélgica, França e Espanha, onde visita museus e academias. Partiu em 18 de Abril e demora-se cerca de dois meses.
— Mário Augusto pinta três paisagens que o distinto médico da capital, Dr. António Anastácio Gonçalves (1889-1965), escolhe para a sua colecção de arte e que hoje pertencem à Casa-Museu com o seu nome: À tarde, As piteiras (na Tapada da Ajuda) – que seria uma das obras preferidas pelo Artista – e Alhadas. Ao acervo deste coleccionador pertence (ou pertenceu) também uma das poucas pinturas da beira-mar que Mário Augusto criaria: Praia (Figueira da Foz), datado de 1935.

1933
— Resultante da viagem de estudo empreendida no ano anterior, apresenta na “30.ª Exposição” da SNBA (onde apresenta pela primeira vez aquela que é considerada a sua mais importante obra, O Latoeiro, que aliás viria a ser exposta em diversas instituições) vários trabalhos a óleo: Impressões de viagem (Londres, Gand, Bruxelas e Segóvia), Rue de la Voie Verte (Paris), Praia da Figueira da Foz, Charing Cross (Londres), surgindo, no ano seguinte, um outro intitulado La Chambre des Députés (Paris), o que deixa coberto, em parte, este seu itinerário além-fronteiras.

1934
— Na “31.ª Exposição” da SNBA, Mário Augusto apresenta cinco novos trabalhos: Retrato de D. Florinda Santos, Retrato de C. M., Paisagem (Alhadas), O charco (Alhadas) e La Chambre des Deputes (Paris).

1935
— Apresenta-se na “32.ª Exposição” da SNBA com Miragem na doca (Figueira da Foz) e Paisagem (Alhadas).

1936
— Participa na “XXXIII Exposição” da SNBA, com cinco novas obras: O rio de Val de Lobos, Entrada da aldeia (Alhadas), Outono, Izaura e O tio Inácio.

1937
— (Janeiro) A SNBA apresenta ao público a “1.ª Exposição de Arte Retrospectiva (1880 a 1933). De Mário Augusto foi escolhido O Latoeiro.

1938
— Mário Augusto alcança o 1.º prémio do Salão do Estoril, com a obra “A Isaura, Tipo das Alhadas



1940
— O próprio Mário Augusto depositou, no Museu Municipal da Figueira da Foz, o óleo sobre madeira denominado “Miragem na Doca”.

1941
— Na “XXXVIII Exposição de Pintura – Desenho – Gravura e Escultura” da SNBA, apresenta os retratos a óleo da Exmª. Senhora D. Maria dos Prazeres Pais (viúva do Dr. Sidónio Pais) e da Exmª. Senhora Condessa de Pinhel. Quer um, quer outro são notados, mas o segundo é distinguido com o “Prémio Silva Porto”, então considerado a máxima consagração portuguesa. Do júri faziam parte o Dr. Reinaldo dos Santos (1880-1979) e o pintor Armando de Lucena (1886-1975).
Na mesma exposição apresenta aquele que seria o seu último trabalho, que intitulou Retrato de minha mulher, que alcança a “Medalha de 1.ª classe”, na secção de pastel.
— (Agosto, 18) Morte de Mário Augusto, em Alhadas.



Estes elementos foram colhidos no catálogo da exposição realizada no âmbito das comemorações do centenário do nascimento do artista.